Diario de Cáceres 4jz3e Compromisso com a informação
No Facebook, mãe luta para que as vítimas de feminicídio não caiam no esquecimento
Por Aline Barbosa
23/03/2019 - 08:07

Foto: arquivo

Na madrugada de 09 de junho, de 2007 o telefone da professora aposentada Regina Célia da Costa Jardim tocou. No outro lado da linha era um amigo da família, preocupado com o estado de saúde da sua filha Priscila Regina Jardim, 29 anos. Após aquela ligação soube que perdera a sua filha para sempre, por alguém que um dia disse amá-la. 1d2x2a

 

A vítima já havia terminado o namoro de três meses com Alexandre Bittencourt Oliveira e Souza, 27 anos, porém, ninguém imaginava que naquela noite, ele entraria armado na Boate Tulha, localizada na cidade de Cruzeiro do Vale do Paraíba (SP), para ass Priscila.

 

“Ficamos sem chão! A Polícia não nos procurou para avisar. A notícia veio através de uma ligação, foi como receber um soco no estômago. Fui até o hospital, na esperança que estivesse apenas ferida, mas a encontrei no Instituto Médico Legal (IML), atingida com quatro tiros, sendo um no estômago e três na cabeça”, conta a professora.  

 

De acordo com a Agência Patrícia Galvão, responsável pelo Dossiê Violência Contra as Mulheres, "o feminicídio é a última instância de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante”.

 

Julgado, o assassino foi condenado a 13 anos, e após recurso da família da vítima, a pena alterada para 19 anos. Mesmo após a condenação do feminicida, Regina não queria que esses crimes continuassem invisíveis para a sociedade, e em 2007 criou a comunidade no Orkut ‘Quem Ama Liberta’, onde postava matérias sobre feminicídio. Em 2012 migrou para o Facebook, e atualmente possui 9.365 seguidores.

 

“Quando resolvi fazer a comunidade fiz uma ‘listinha’ de mulheres assassinadas por feminicídio. Elas morreram pela sua liberdade, por dizer não a um relacionamento abusivo. Acredito que quem realmente ama deixa o outro viver da maneira que quiser e com quem quiser, por isso intitulei ‘Quem Ama Liberta’,” declara a professora.

 

A fundadora da página possui uma rotina de trabalho para manter a comunidade sempre atualizada. Diariamente é feita uma busca na internet usando no mínimo três tags: companheiro, marido e namorado. Durante essas pesquisas notou que havia vários casos, que não eram divulgados na ‘grande mídia’.

 

“Eu fiquei perplexa ao ver o número de vítimas que não chegavam a grande mídia, principalmente as de origem mais humilde, sendo divulgado apenas em blogs locais. É necessário dar visibilidade aos crimes de feminicídio,aàs pessoas têm que entender a gravidade do problema. Da mesma forma que não quero ver minha filha esquecida, também não quero que as outras  mulheres sejam”, conta a criadora da página.

 

Em 2016 entrou em vigor a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340). De acordo com a legislação violência doméstica é o ato contra a mulher, qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

 

De acordo com a professora aposentada o seu projeto vai além de compartilhar notícias, funciona como uma rede virtual de apoio a mulheres, que estão sofrendo algum tipo de violência doméstica. Em muitos casos esse amparo previne um futuro crime de feminicídio.

 

“É impressionante o número de mulheres que precisam conversar. Primeiro elas começam cumprimentando devagarinho, e depois vão se abrindo, contanto os abusos, o medo de deixar o relacionamento, ou a vitória de ter conseguido sair. Já fiz muitas denúncias no 180 a pedido das mesmas, por medo de denunciar. O meu conhecimento sobre o assunto é empírico, portanto, a minha tarefa é ouvi-las e no máximo sugerir que procurem ajuda nos órgãos especializados. É impressionante perceber como as pessoas ‘fogem’ deste assunto, muitas vezes postar um caso de feminicídio na página já gera polêmica. Pergunto se têm algum  psicólogo, sociólogo, advogado, ou assistente social para ajudar na mediação, mas ninguém se manifesta,” declara a professora.

 

 A implantação da lei Maria da Penha ocorreu um ano antes do assassinato de Priscila, mas, não impediu o aumento no número de homicídios contra as mulheres no Brasil. A taxa chegou a cair em 2007, mas voltou a subir em 2008 e, em 2013, já era 12,5% maior do que em 2006.

 

Segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2018, o aumento de feminicídio foi de 34% em relação a 2016, ando de 3.339 casos para 4.461. Também houve crescimento no número de processos pendentes relativos à violência contra a mulher. Em 2016, havia quase 892 mil ações aguardando decisão da Justiça. Dois anos depois, esse número cresceu 13%, superando a marca de um milhão de casos. 

 

Em 12 anos de militância digital ‘Quem Ama Liberta’ foi tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), como o documentário As damas de preto: mulheres em luta, o livro É preciso falar das flores: histórias de vítimas do feminicidio, o crime de ódio contra mulheres. E futuramente será tema de outro livro.

e a página: QUEM AMA LIBERTA

Carregando comentarios...

Esporte

Corrida Desafio da Fronteira será neste domingo,24, em Cáceres j4k6

23/03/2019 - 07:57
Cidades

Exército e parceiros realizam ação cívico militar em Cáceres hoje,23 a71f

23/03/2019 - 07:45
Educação

Clube do Livro: Escritor cacerense participa de Roda de Conversa com estudantes do IFMT Cáceres 5v4r1v

23/03/2019 - 07:41
Cultura

Biblioteca Municipal convida população para “Noite Cultural Conecta Biblioteca” 711d2s

22/03/2019 - 08:16
Cidades

Zé da Luz chega em Cáceres com diversão gratuita 67222b

22/03/2019 - 08:12
Cidades

Inclusão Literária alcança mais de 80 mil pessoas em Mato Grosso 693t2b

22/03/2019 - 07:54
Cidades

Exército e parceiros realizam ação cívico militar em Cáceres no sábado, 23 j171w

21/03/2019 - 09:19
Cidades

Campanha arrecada lixo eletrônico em prol ao Hospital de Câncer 241f6x

21/03/2019 - 09:17
Educação

Aplicativo desenvolvido por estudantes do IFMT Cáceres auxilia agricultores a calcular produtividade 1cq6n

21/03/2019 - 08:59
Educação

Unemat prorroga isenção do vestibular até quinta-feira (21) 3k4r18

19/03/2019 - 16:39
Cidades

Flagrado, carro da prefeitura desiste de jogar lixo em local impróprio 445m73

19/03/2019 - 15:15
Cidades

Grupo Juba é parceiro da educação no projeto de climatização das escolas municipais 1t5v68

19/03/2019 - 14:24
Política

Deputado Dr. Leonardo quer alterações no Código Penal para combater violência contra a mulher 43391o

19/03/2019 - 14:22
Cidades

Nossa Energia troca lâmpadas gratuitamente em Cáceres, Curvelândia e Tesouro g113f

19/03/2019 - 14:16
Cidades

OAB Cáceres pede que TRE prorrogue biometria 5c4lc

19/03/2019 - 12:39
Polícia

PM fecha residência que comercializava droga em Mirassol D ´Oeste 3f6y3c

19/03/2019 - 12:26
Utilidade Pública

Sine oferece 1.114 vagas de emprego em MT; 370 em Cáceres 1o4nl

19/03/2019 - 12:22
Cidades

Rio Branco:Prefeito tem nome negativado e salário parcialmente bloqueado 11604g

19/03/2019 - 11:47
Cidades

Policiais militares fazem curso de prevenção ao estresse, suicídio e outras doenças 1cxl

19/03/2019 - 10:40
Cidades

Colégio Eleitoral de Cáceres poderá ter 25 mil títulos cancelados 5d4i2x

19/03/2019 - 10:39