Os funcionários dos Correios paralisaram as atividades por tempo indeterminado, em Mato Grosso. A categoria é contra a privatização da estatal prevista no plano de desestatização do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Eles defendem ainda os direitos conquistados em anos de lutas, os salários, os empregos e a realização de concurso público. Pelo menos 30% dos serviços são mantidos, mas aproximadamente a entrega diária de 100 mil correspondências e encomendas fica comprometida no Estado. “A empresa se retirou da mesa de negociação e hoje direitos do acordo (2018/2019) como vale alimentação podem ser suspensos a qualquer momento. Mas, a greve é principalmente contra a privatização anunciada pelo governo. A privatização vai prejudicar tanto a população como os trabalhadores. No país, são mais de 100 mil pais e mães de famílias que vão ficar desempregados”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais em Mato Grosso (Sintect-MT), Edmar Leite. Com o movimento, todos os serviços dos Correios devem ser afetados. Conforme Leite, o retorno das atividades está condicionado ao recuo do governo e a retirada dos Correios de programa de privatização, além do fortalecimento e investimento na empresa pública e a realização de concurso público. “E, é claro, a manutenção do nosso acordo coletivo”, cobrou. A categoria entende que, com a privatização, boa parte da população, especialmente, a que vive na região periférica, não terá o ao serviço universal prestado pelos Correios. “Porque as empresas privadas só vão estar presentes aonde dá lucro. Então, as pequenas cidades, que são a maioria, não terão os serviços dos Correios”, avalia o presidente do Sintect-MT. Segundo ele, atualmente, os Correios público estão presentes em mais de 5.200 municípios brasileiros, sendo que desses somente 324 agências dão lucro, mas cobrem o prejuízo do restante do país. “Ainda assim, a empresa é lucrativa e cumpre o seu papel social. Com o Correios privatizado, a população vai ser prejudicada sobremaneira por que as tarifas aumentam e os serviços pioram”, afirmou. “É importante registrar que nós temos consciência que os serviços hoje não são têm a mesma qualidade que tinha há 10 ou 15 anos atrás, mas isso não é culpa dos funcionários, mas justamente de uma política de sucateamento impostas pelos últimos governos, desde o FHC (Fernando Henrique Cardoso), que vieram sucateando os Correios para hoje a população pensar que hoje a saída é privatizar os Correios”, acrescentou. Nesse sentido, Leite lembra que a estatal não realiza concurso público desde 2011. “A medida que as cidades crescem o número de funcionários diminui. Em Mato Grosso, nós já fomos 1.700 trabalhadores e, hoje, somos em torno de 1.200. Então, houve uma política deliberada de acabar com o concurso público e de retirar o transporte aéreo de cargas. Hoje, o serviço é praticamente todo feito via terrestre e, por isso, o Sedex demora até 10 dias para chegar”, comentou. Para alertar sobre as consequências da medida, os trabalhadores elaboraram uma carta que está sendo distribuída à população com alguns questionamentos e respostas do tipo: Você sabia que nas encomendas a concorrência já é aberta e mesmo assim os Correios é líder? Que as grandes empresas privadas repostam as encomendas nos Correios para conseguir entregar? Que o serviço é bem mais caro e que o sigilo das correspondências estará em risco com as empresas privadas? Que são os Correios que entregam Vacinas, livros didáticos e provas do Enem em todo Brasil? Que os Correios fazem ágeis campanhas de arrecadação de aleitamento materno e também de doações de alimentos, roupas e agasalhos em catástrofes, como a de Brumadinho? Que em muitas pequenas cidades os Correios são o único agente bancário, com o Banco Postal? 415h15