Diario de Cáceres 4jz3e Compromisso com a informação
Situação crítica do Centro Histórico de Cáceres
Por Por Wilson Kishi 
03/02/2025 - 08:37

Foto: reprodução

É com grande preocupação e um senso de urgência que me dirijo à população e também às autoridades competentes deste município (a qual me incluo) e do Estado para abordar um tema de extrema relevância para nossa cidade e patrimônio cultural: a alarmante situação do Centro Histórico de Cáceres. 1w1ub

Nosso Centro, que em tempos ados foi uma área vibrante e cheia de vida, enfrenta hoje desafios que ameaçam não só sua estrutura física, mas também a essência de nossa região. As ruas, que antes ressoavam com as vozes de gerações, agora sussurram histórias de abandono e esquecimento. Cada tijolo, janela e portal ornamentado carrega consigo séculos de memórias e aspirações dos nossos anteados, mas estão se deteriorando bem diante de nossos olhos.

As famílias tradicionais, verdadeiras guardiãs de nossa história viva, estão se distanciando, levando consigo narrativas e tradições que enriquecem o tecido de nossa sociedade. Questões de herança não resolvidas deixam imóveis abandonados, transformando o que deveria ser nosso orgulho em símbolos silenciosos de negligência.

Dentro da área que delimita nosso Centro Histórico, encontramos um mosaico de realidades que refletem tanto a grandiosidade do ado quanto os desafios do presente. Assim como em Cuiabá, onde casarões e outros imóveis antigos carregam suas próprias histórias e enfrentam a necessidade de conservação, nosso patrimônio também demanda preservação. Essa diversidade representa uma oportunidade única para uma revitalização que valorize nossa história sem deixar de olhar para o futuro.

Cáceres possui mais de 40 imóveis, na maioria, de estilo colonial, necessitando recuperação. Esses prédios contam a história local e merecem não só preservação, mas uma restauração cuidadosa que honre sua importância histórica e arquitetônica. No entanto, reconhecemos que alguns imóveis atingiram um estado de degradação avançada, tornando inviável economicamente sua revitalização.

Recentemente, com a transferência da agência do Banco do Brasil do centro para outro local, a queda na circulação de pedestres e veículos tornou-se evidente, impactando diretamente os comércios da região. A situação pode se agravar ainda mais caso se concretize a mudança do Poder Legislativo para o Centro Operacional de Cáceres (COC), ao lado da prefeitura, como desejam alguns vereadores. Isso deixaria mais um casarão de mais de 130 anos no esquecimento, isolaria ainda mais o Centro Histórico e representaria uma perda irreparável para nossa herança cultural.

 

MPF aciona IPHAN e prefeitura de Cáceres para tomar providências sobre  prédios tombados abandonados :: Jornal Oeste

(foto reprodução)

Esperamos que essa ideia permaneça apenas no ado e que os parlamentares busquem alternativas que impulsionem o desenvolvimento da cidade como um todo. Cáceres não é uma cidade qualquer. Em outubro de 2024, celebramos com orgulho 246 anos de fundação e, em breve, estaremos diante de um marco extraordinário: os 250 anos de história. Poucas cidades no Brasil podem se orgulhar de carregar dois séculos e meio de cultura, tradições e memórias tão ricas e diversas. Cáceres é um verdadeiro livro vivo, onde ado e presente se entrelaçam de forma única.

Possuímos o Marco do Jauru, um monumento que completou 270 anos e que simboliza a antiga divisa territorial entre os impérios de Portugal e Espanha. Além disso, somos abençoados pelas águas do majestoso Rio Paraguai, que atraem pescadores do mundo inteiro para o famoso Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPe), uma tradição que se mantém por mais de quatro décadas.

Nossa Catedral São Luís, com sua arquitetura imponente, vai além do que se espera de uma cidade interiorana, elevando Cáceres a um patamar de sofisticação cultural raro. Cada pedra do nosso Centro Histórico, cada casarão colonial, cada rua sinuosa conta um pedaço da nossa história. Permitir que esse patrimônio se deteriore não significa apenas perder edifícios, mas apagar capítulos inteiros da nossa identidade.

É neste contexto que apelamos para uma visão inovadora e flexível do IPHAN, que é o guardião de nosso patrimônio, para que coordene uma abordagem que permita a convivência harmônica entre o antigo e o novo. Imaginemos um centro histórico onde edifícios seculares restaurados com primor dividem espaço com estruturas modernas, criando um contraste visualmente estimulante que narra a história de nossa evolução como cidade.

Essa abordagem não apenas preservaria nosso legado, mas também atrairia novos investimentos, impulsionando a economia local e revitalizando o Centro como um polo vibrante para moradores e visitantes. É uma visão que honra nosso ado enquanto abre caminho para um futuro promissor. No entanto, o tempo joga contra nós. A cada dia sem ação, nos aproximamos de um cenário em que nosso Centro Histórico corre o risco de se tornar um espaço fantasma, esvaziado da vida e da energia que o definiram por séculos. É um cenário que não podemos permitir que se concretize.

 

Por isso, já convidamos o novo superintendente do IPHAN-MT, para visitar Cáceres e participar de uma reunião urgente com todos os envolvidos: representantes do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministério Público Estadual e Federal, do comércio local, além dos proprietários dos imóveis dentro do perímetro de tombamento. Juntos, devemos desenvolver um plano de ação concreto e imediato.

G1 - Patrimônio histórico-cultural de Cáceres (MT) está 'órfão', aponta MPF  - notícias em Mato Grosso

(foto reprodução)

Algumas propostas são:

  1. Criar um fundo especial para a revitalização do Centro Histórico, com contribuições públicas e privadas.
  2. Conceder incentivos fiscais a proprietários que restaurarem e mantiverem seus imóveis sejam eles tombados, históricos ou não.
  3. Desenvolver um programa de educação patrimonial para conscientizar a comunidade sobre a importância de nosso patrimônio arquitetônico.
  4. Formar parcerias público-privadas para uso sustentável dos imóveis históricos.
  5. Elaborar um Plano Diretor específico para o Centro Histórico que equilibre preservação e desenvolvimento.

Estamos em um momento decisivo da nossa história, e as escolhas que fizermos hoje ecoarão para as futuras gerações. Temos a oportunidade de transformar nosso Centro Histórico em um espaço vibrante, onde cultura, comércio e vida comunitária se entrelaçam. Para isso, é essencial a união de esforços entre os poderes constituídos, os setores de Cultura e Turismo, os proprietários de imóveis no Centro Histórico e todos aqueles que acreditam nessa causa. Somente ao transcendermos interesses individuais em prol do bem comum conseguiremos preservar e revitalizar esse patrimônio tão valioso.

Que as futuras gerações possam olhar para trás e reconhecer este momento como aquele em que escolhemos honrar nosso ado, valorizar nosso presente e construir um futuro próspero para Cáceres.

 

 

Por Wilson Kishi – morador do Centro Histórico de Cáceres e atualmente Secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico.

 

 

 

 

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