A cheia no Pantanal acontece em um pequeno perÃodo do ano, de dezembro a março, mas sua importância é imensurável para a sequência da existência de muitas espécies, além de impactar diretamente a vida dos que vivem no bioma e dependem dele.Nos últimos anos, o Pantanal ou por perÃodos de seca mais severos e prolongados. 4d3y5j
Isso é diferente de tudo o que já tÃnhamos vivido, pelo menos eu, filho de pantaneiros do municÃpio de Barão de Melgaço, com 38 anos, ainda não tinha presenciado tantas mudanças na nossa região.
Tanques, represas e poços, utilizados por famÃlias e animais, ficaram secos como nunca se viu.Com a diminuição das chuvas, restou pouca água no campo, já que os rios não transbordaram mais. Isso trouxe outro problema: o risco de incêndios florestais.
Quando a gente imaginaria que uma das maiores planÃcies alagáveis do mundo ficaria cada vez mais seca e com tantos incêndios?As mudanças dos últimos anos têm mobilizado muitas instituições e voluntários, não só voltados para o combate a incêndios, mas também para dar apoio à população pantaneira, os animais silvestres e domésticos.Ainda estamos nos adaptando a este cenário e aprimorando, cada vez mais, as técnicas de prevenção e combate a incêndios na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, que é a maior do Brasil.
Sou guarda-parque da Reserva há 13 anos e o perÃodo de 2020 até 2024 foi muito desafiador para nós, pantaneiros.
Mas essa é a nossa casa e seguimos trabalhando para cuidar desse lugar tão incrÃvel.Diante dessa realidade, presenciar novamente o perÃodo da cheia dentro da normalidade tem sido maravilhoso.
Já estamos no ciclo da vazante e o Pantanal ainda está muito bonito, com água no campo, muito verde, sendo um alÃvio geral e um bom sinal, principalmente pensando nos incêndios florestais.Além disso, esse momento traz também muitas lembranças vividas, como as inúmeras vezes no trabalho de monitoramento ambiental pela RPPN Sesc Pantanal, quando desligo o motor do barco e me conecto ainda mais com a natureza.
Fico ouvindo o som da mata, sentindo o vento e ouvindo as árvores balançarem, tentando saber qual pássaro está cantando, qual a espécie de flor está exalando cheiro.Logo, vem a lembrança de quando era jovem e já ficava torcendo para o Pantanal encher. Assim, podia andar de canoa, pescar ou tomar banho no corixo, ou mesmo ter o prazer de olhar a beleza da colheita que seria a maior parte do sustento da famÃlia para o ano.
Como é boa e prazerosa essa vida no Pantanal!Todo dia eu estou aqui e todo dia vejo beleza.
Cheia é vida para o Pantanal e o Pantanal é uma parte de mim, de quem eu sou.
Não me vejo fora desse lugar, pois as águas pantaneiras "correm nas minhas veias"!
Alesandro Amorim é pantaneiro e guarda-parque na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal