Diario de Cáceres 4jz3e Compromisso com a informação
A praça, o povo, o urbano e o humano
Por por Guilherme Vargas
07/05/2014 - 15:41

Foto: arquivo

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Era uma árvore linda e parecia tão antiga quanto o mundo. Árvores tem a impavidez de uma pessoa sábia, e não se faz o sábio sem que o tempo e, ou seja, só pode ser sábio quem tem bastante tempo de mundo.

 

O local era uma simples praça pública e nela havia uma árvore muito grande: uma figueira, senhora daquele espaço. Essa árvore observava tudo que ali acontecia, afinal praças são como reticência no espaço urbano, dão o espaço necessário para colocar o infinito entre limites de paredes e muros. A casca daquela árvore possuía muitas marcas que a tornava inquestionável; raízes, galhos, crescem para onde querem, assim como idosos, são inquestionáveis! Nunca ganhei qualquer discussão com um idoso. Você pode até criar uma diversidade de verdades, mas nunca defrontar a verdade de uma pessoa idosa; então, se acha necessário ensiná-los, crie novas verdades para eles e não contradiga a que já estava estabelecida.

 

Aquela praça tinha canteiros, o chão recoberto de pedras e poderia ter coreto, mastro, monumento, pira, mas não haveria de ser de uma pessoa só. De quem é a praça? É do povo! como já dizia Castro Alves. Ela é por essência um espaço público e a partir dela se desenhou a civilização ocidental... Da Ágora dos gregos até as manifestações dos movimentos sociais contemporaneamente, sejam elas de maio, da paz celestial, vermelha, do tempo, das datas, dos nomes de importantes pessoas, gloriosas ou inglórias. Quando batizadas com nome de personalidades, toma para si toda referência desse nome; afinal se conhece muito mais Major João Carlos pela praça do que pelo próprio major João Carlos Pereira Leite.

 

Eventos nas praças são mais aconchegantes. Quando era menor, o Festival Internacional de Pesca de Cáceres cabia inteiro na Praça Barão do Rio Branco. E hoje as praças se mantem vivas pela maneira com que são utilizadas, destaco as feiras multiculturais como as das praças do Monte Verde, Duque de Caxias e a Benjamim Constant, na Cavalhada. Esta, a Praça da Cavalhada, carrega em sua importância ter sediado as encenações de cavalhadas, as famosas batalhas entre Mouros e Cristãos. Onde antes se duelava em cavalos e fisgavam-se prendas com lanças, hoje encanta com a alegria e animação das terças-feiras...

 

Para cada bolinha da massa do pastel, uma girada a dançarina de Siriri faz evoluir na dança. Uma perfeita sincronia embalada em música dá harmonia ao que pareceria incombinável: peixe frito, vatapá, sushi, pastel, gente pra conversar, assuntos pra compartilhar e lá está uma frondosa figueira, senhora soberana da praça, que sabe dividir com o coreto as referências desse espaço. Cheiros, gostos, sons movimentos e encantamento! Melhor comer lá mesmo, porque é lá que se vê gente. Assunto para conversa é coisa que não há de se faltar, mesmo que seja o golpe de vento sul que baixou a temperatura para 20º; quase que glacial! Ah!, é bom lembrar que é só bater um vento mais fresco que este povo já aprecia um bom caldo e é certeza que na fria noite é obrigado a dormir rebuçado.

 

E praça é lugar de idoso e criança! Porque estes têm mais tempo e sabem melhor aproveitar o bom da vida: a criança pela inocência e o velho pela sabedoria. Entre ser um ou outro, aproveito para lembrar a minha infância. Tá lá o Marco do Jauru em mármore português representado a divisão histórica do mundo em dois: pra um lado Espanha, para outro Portugal. Este marco tinha outra significação para as crianças de outrora. Como a base de concreto descia inclinada até o chão, era senso comum entre nós, crianças daquele tempo, de que se tratava de um escorregador! E quantas calças e shorts se desfizeram na descida. Que vergonha! A criança em prantos diante do Marco, mostrando a roupa de baixo, porque a roupa se desfez no atrito com o crespo concreto daquele escorregador adaptado.

 

Nem toda praça tem árvore. Ouvi em um documentário Oscar Niemeyer afirmar que a Praça dos Três Poderes, em Brasília, não tinha arvores porque era uma praça cívica. Quem somos nós para discutir com ele, afinal, como já disse, idosos são inquestionáveis, cabe mais compreendê-los. Niemeyer, ao meu parecer, é um gênio; um sábio; e estes são mais inquestionáveis ainda.

 

Idosa também era aquela árvore que observava em uma praça: sábia, senhora da praça, guardiã da memória e do povo, precursores de tudo que virá! As praças são onde o humano acontece como ser público e onde pode ele resgatar-se do caos da vida dos dias atuais. Ruas, carros, construções, violência... as praças não estão isentas disso, mas poderiam ser os espaços em que a pessoa melhor se vê humana.

Guilherme Rodrigues Vargas

Professor

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