A produção de café em aldeias indÃgenas em Mato Grosso, com qualidade e utilização de técnicas sustentáveis, tem chamado atenção do mercado nacional. A produção realizada por Ãndios da aldeia Apoena Meirelles, da etnia SuruÃ, em Rondolândia (1.064 km de Cuiabá), é prova disso. u1f5x
A comunidade possui parceria com o Grupo 3 Corações, uma das maiores empresas de café do PaÃs, na qual fornece os grãos secos e limpos de café, e a empresa industrializa, embala e comercializa os grãos já moÃdos, ao preço de R$ 45 a embalagem com 250 gramas de café. Esse valor, acima da média de mercado, se deve pela particularidade da forma como o café é cultivado: uso de adubo natural, sem irrigação e defensivos agrÃcolas, com colheita e armazenamento no tempo. Tais cuidados atraem os paladares mais exigentes, que focam em grãos que utilizam técnicas e critérios sustentáveis.
Atentos a esse cenário crescente de consumo aliado a sustentabilidade, indÃgenas da aldeia Massepô, localizada no território Umutina, em Barra do Bugres (164 km de Cuiabá), também focam no cultivo do café como forma de gerar renda através da venda de cafés finos, visando o mercado internacional.
Por meio de uma parceria entre o Governo de Mato Grosso e a Fundação Nacional do Ãndio (Funai), os indÃgenas do território Umutina contam hoje com um hectare de cafezal com mais de 3 mil pés de plantas de alto potencial produtivo.
âà medida que a nossa comunidade foi crescendo, fomos vendo que precisávamos incorporar algo dentro da nossa área, que nos gerasse renda. Foi nesse momento que decidimos, com a ajuda do Estado, usar parte das nossas terras para produzir e gerar rentabilidadeâ, explica o cacique da aldeia Massepô, Felisberto Cupudunepá.
Para efetivar a inserção dos indÃgenas na ação de incentivo ao cultivo do café, a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) reou as mudas, e a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) promoveu o acompanhamento técnico na área. Para aprender as técnicas de plantio e cultivo, uma parte dos indÃgenas viajou para Rondônia, onde já é realizado um trabalho similar e exitosa.
âada essa parte teórica, implementamos dentro da aldeia uma Unidade de Referência Tecnológica, que chamamos de URT, e começamos a adotar a parte prática do cultivo do café. Desde então os trabalhos têm se desenvolvido da melhor forma possÃvel, com previsão de ampliar a área em anos posterioresâ, comenta o técnico extensionista da Empaer Rafael Rosseti.
Na aldeia Massepô é esperada a colheita entre 45 a 60 sacas de café no hectare plantado, cujo o valor da venda, segundo o cacique Felisberto Cupudunepá, será revertido em melhorias na aldeia onde vivem 11 famÃlias.
Além de Barra do Bugres, a Seaf desenvolve a mesma ação na cidade de Campo Novo dos Parecis. Na Aldeia Chapada Azul, a pasta promove a atividade junto aos indÃgenas da etnia Haliti Paresi, com o plantio de cinco hectares de café clonal.
A pasta promove ainda outras ações de desenvolvimento sustentável junto aos povos indÃgenas. Doou 200 caixas de abelhas aos Ãndios Xavantes da terra indÃgena Grande Sangradouro, em Primavera do Leste, e à indÃgenas das cidades de Canarana e Porto Esperidião. Também realiza junto à aldeia Apoena Meirelles, da etnia Paiter-SuruÃ, em Rondolândia, ação de incentivo ao plantio de cacau, através da produção de mudas do fruto. Essas ações também contam com entidades parceiras, como a Empaer e prefeituras, através das secretarias de Agricultura.
MT Produtivo Café
A ação de Governo âMT Produtivo Caféâ prevê a entrega de mudas de café clonal de variedades conilon e robusta para o plantio em aldeias indÃgenas e áreas istradas por agricultores familiares participantes do programa. A previsão é de que até o final de 2022 o Governo distribua as mudas de café clonal para 50 municÃpios das regiões Médio-Norte, Centro-Sul e Oeste que integram o MT Produtivo Café.
O programa pretende incrementar e renovar a área de café no Estado em cerca de 600 hectares até 2024 com o aproveitamento de áreas já abertas e cultivadas e utilizando mudas de clones de alta produtividade, o que resultará na inserção de aproximadamente 45 mil sacas na produção de café de Mato Grosso após a produção atingir sua estabilidade.